O Pará é o segundo Estado do Brasil com a menor taxa de médicos do Sistema Único de Saúde (SUS), em relação ao número de habitantes. São 1,5 médicos para cada grupo de mil habitantes. Fica atrás apenas do Maranhão, cuja taxa é de 1,3 médicos. O estudo “Presença do Estado no Brasil”, realizado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), mostra as desigualdades regionais quando o assunto é saúde.
Para se ter uma ideia, os estados de São Paulo e Minas Gerais apresentam taxa de 3,9 médicos por cada mil habitantes. O maior índice no Brasil é de Sergipe, com 4,2 profissionais para mil pessoas. A média paraense fica abaixo do índice da região Norte (1,9 médicos para cada mil habitantes), e muito abaixo da média nacional, que é de 3,1 médicos. As regiões Sul e Sudeste têm média acima da nacional, com 3,7 médicos.
Segundo a pesquisa, os dados permitem concluir que os profissionais mais bem qualificados estão concentrados nas regiões mais desenvolvidas economicamente.
De acordo com o presidente do Ipea, Márcio Pochmann, a desigualdade na saúde ocorre porque os equipamentos e a presença dos profissionais é diferenciada. “O Estado tem uma atuação bastante complexa do ponto de vista de um país continental e com uma população que é a quinta do mundo. Essa complexidade é maior pelo fato de termos um sistema único de saúde especialmente na atuação pública, fazendo com que todo o país seja atendido embora as regiões mais ricas sejam aquelas que possuem melhores equipamentos e maior presença de profissionais, quando os estados mais pobres não têm o mesmo padrão de intervenção”.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda mil habitantes por médico e, segundo a pesquisa, o Brasil tem 595 habitantes por profissional e ocupa a 84ª posição num ranking de 174 nações. Na contagem de todos os profissionais ativos no Estado, incluindo os que atendem apenas em caráter particular ou por meio de planos de saúde, o Pará tem uma média de 1.351 habitantes por médico.
No interior do Pará, está a maior relação média do país, com um médico para cada 4.466 habitantes. De acordo com a ONG Portal Médico, esta pouca presença de médicos no interior do Estado é resultado da alta concentração dos profissionais em Belém. Ou seja, 73,3% dos médicos ativos do Pará estão concentrados na capital, que reúne apenas 20,4% da população do Estado.
O estudo feito pelo Portal Médico mostrou que, até o ano 2000, existiam apenas cinco cursos de medicina na região Norte: no Amazonas, no Pará, no Tocantins e em Roraima, totalizando 462 vagas por ano.
O quadro atual evoluiu para doze cursos e 972 vagas/ano, um incremento de 140% nos cursos e de 47% nas vagas/ano. Com exceção do Pará, Amapá e Roraima, os demais estados da região ganharam cursos de medicina: Amazonas, Tocantins e Rondônia ganharam dois cursos cada; e o Acre mais um. Assim, o provimento de médicos para a região já está encaminhado, persistindo o quadro inalterado no Amapá, o único Estado brasileiro sem curso de medicina.
A situação do Pará, no entanto, conforme a ONG, poderia ser administrada com uma melhor distribuição de médicos em seu território.
Quanto ao número de leitos em hospitais públicos, o Pará é o 11º estado do ranking, com 11.121 leitos. São Paulo possui o maior número de leitos no país (60.204) e Roraima, o menor (822).
Diário do Pará
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