Uma competição desleal. É assim que os pescadores artesanais de Santarém e outros municípios próximos definem a luta por espaço nos rios da região com os pescadores industriais. O alvo é a pesca de arrasto, ou de “bubuia”, como é chamada a pesca praticada por grandes barcos pesqueiros, que, segundo pescadores tradicionais, é responsável direta pela diminuição nos cardumes em rios como o Tapajós e Ituqui (afluente do Amazonas). O resultado: famílias que perdem sua principal fonte de sustento. Uma reunião convocada pelo Ministério Público Federal para esta segunda-feira, em Santarém, vai tentar pôr ordem no caos instalado no município.
Foram chamados para a reunião Ibama, Colônia de Pescadores Z-20, Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Delegacia Fluvial de Santarém e Secretaria de Aquicultura e Pesca. A intenção é definir limites de atuação dos pescadores industriais e dos pescadores artesanais.
“Queremos definir uma fiscalização mais efetiva nas águas de Santarém. Está havendo uma omissão tanto estadual como municipal em relação a esse problema. Já se pode perceber a falta de peixe, porque a atividade é feita inclusive no período do defeso, quando não se pode fazer pesca em larga escala. Queremos que haja fiscalização aos comerciantes também”, explicou o procurador da República em Santarém Cláudio Henrique Cavalcante Machado Dias.
Caso não atendam à convocação do Ministério Público, os órgãos responsáveis pela fiscalização podem ser alvos de uma ação civil pública, inclusive com multa diária pela desobediência. A intervenção da Procuradoria da República é uma esperança para os pescadores artesanais.
“Desde 2004 estamos lutando para que sejam combatidos os excessos da pesca de ‘bubuia’”, diz Antonio Pinto, diretor da Colônia de Pescadores Z-20.
Segundo ele, a ação dos grandes barcos de pesca tem sido destrutiva para o meio ambiente da região e tem prejudicado diretamente os pescadores locais. “Até barcos de São Paulo vêm pescar aqui”. É uma pesca de arrasto que, segundo Pinto, só deixa para os pescadores tradicionais os peixes menores, de má qualidade. “Quando vêm os cardumes, não vêm os mais abundantes, os maiores”.
Diário do Pará
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