Desde o início deste processo recente que finalizou com o plebiscito que definiria pela divisão territorial do Estado do Pará, sempre, manifestei-me no sentido contrário a esta divisão, sem, entretanto, negar a necessidade do SIM. Votei pelo SIM, como repetidas vezes manifestei-me, por necessidade.
A metáfora que tantas vezes acenei, no sentido de que cupim se combate com pesticida, não ateando fogo na casa, nunca poderia ser mais verdadeira. Pesticida para esta contaminação de péssimos administradores públicos se faz com VOTO. Outras tantas vezes comparei nossa realidade regional, em face da má qualidade da administração pública do Estado, como um câncer em estágio avançado em que único remédio - dolorido – seria a quimioterapia e a radioterapia: invasiva, destruidora, mas necessária para extirpar de vez este mal secular que nos aflige, onde este processo quimioterápico era o SIM: a divisão.
Ora, se tivéssemos políticos representativamente capazes de direcionar ações em nosso sentido, esta pretensão de divisão, mesmo que constitucionalmente garantida, não teria por parte de seus regionais o mesmo fervor que teve. O mais insípido deste processo é que o mesmo iniciou derrotado por questões meramente matemáticas para obtenção de um resultado positivo para o SIM. Senão vejamos:
Considerando a nova proposição da divisão, demograficamente estaríamos assim dispostos:
População (Fonte FPE) :
Pará – 4.6 milhões ( 62.16%)
Tapajós + Carajás = 2.8 milhões (37,84%)
Total – 7.4 milhões (100%)
Resultado Real do Plebiscito (fonte TSE) :
Não - 2.344.654 (66,08%)
Sim - 1.203.574 (33,92%)
Votos – 3.548.228 (100%)
Sem fazer muito exercício de inteligência, apenas pressupondo que o número de eleitores seja proporcional ao número de habitantes destas regiões; pressupondo que os interesses sejam comuns e que estas ditas populações votariam em face de seus desejos (e o Pará – com maior número de votos -diria em maioria quase unânime, NÃO) somente neste sentido teríamos em desfavor do SIM em torno de 1.8 milhões de diferença. Vejam nos números acima o percentual mudou quase nada, ou seja, meros 4 pontos percentuais.
Como dissemos, o desejo do SIM matematicamente nasceu perdendo. Ou alguém achou que seria capaz de mudar o outro lado ? Se a palavra correta para tamanha manifestação de incapacidade não é estupidez, seria qual mesmo ? Não era preciso fazer campanhas para angariar fundos para pagar marqueteiro, pois nenhum deles, mesmo o Sr. DUDA mudaria o óbvio. E não me digam que ele não sabia disto e que não projetou isto. Tudo não passou de barulho para ensurdecer ainda mais o “moco” eleitor e com isto capitalizar votos futuros de nossos rotineiros caça-votos de plantão.
Um plebiscito chamado embuste !
Ontem o Governador do Estado, Sr. Simão Jatene, após a esmagadora vitória do NÃO – absolutamente previsível - manifesta-se dizendo que preocupa-se com o estado de animosidade que este plebiscito causaria para sempre entre os paraense; pelo relativo ódio criando entre estas partes, hoje distintas, que formam um mesmo estado da federação; dizia ainda que mesmo que toda a receita do Estado fosse direcionada a estas regiões pretendentes à separação isto não resolveria no médio prazo nossos problemas regionais.
Entendo que agora, SIM, é a nossa vez de dizer NÃO. Não a estes oportunistas que aparecem nosso região uma vez a cada 04 anos, trazendo na bagagem a transmutação dos espelhos, fitas coloridas e outras bugigangas do gênero usadas pelos portugueses conquistadores, em forma de Bandas de Música Brega do mais baixo nível de qualidade, cerveja, bolas de futebol, cimento, telhas, antenas parabólicas e trocando isto por voto como nosso despreparado eleitor.
Agora é nossa vez de dizer NÃO ao oportunismo; chega de termos um vice-governador santareno já há dois mandatos consecutivos e que se nada servem, ainda atrapalham, como é o caso recente do Sr. Helenilson (jogando contra) e no passado recente, o Sr. Odair que nem conseguimos lembrar que não seja pelas trapalhadas e gafes espetaculares.
Estamos condenados pela própria democracia, que numa gangorra sem fim, em efeito cascata, produz políticos de qualidade zero, por um eleitor de qualidade mínima no contexto do todo. Vamos execrar de nossa região estes oportunistas da Capital, isto SIM é dizer NÃO. Temos poder de voto para eleger um sem número de Senadores, Deputados Federais e Estaduais, e, se qualificados, podemos mudar, não no médio ou longo prazos, mas imediatamente, a nossa realidade para a Saúde, Segurança e Educação.
Tanto brigamos pela divisão estadual, e, enquanto isto no âmbito municipal, cometemos os mesmos erros, pois, guardadas as devidas proporções, por aqui, no quintal de nossas casas, neste ambiente pequeno e ainda paroquial, não temos governabilidade de qualidade nenhuma.
Examinemos nossa consciência enquanto cidadãos desqualificados para o VOTO, este sim, capaz de determinar mudanças efetivas para nossa região. Elejamos profissionais qualificados para o exercício dos cargos eletivos e pelo caminho da meritocracia contratemos, via concurso, e demos planos de carreira àqueles que terão a gestão técnica para a coisa pública. Deixemos de lado este sentimento separatista substituto, em que o NÃO provou democraticamente nossa incapacidade sequer de somar dois mais dois, para atingirmos o objetivo principal que é a administração púbica de qualidade, afastando definitivamente estes fichas sujas de nossas vidas.
Agora, com a derrota anunciada do SIM, façamos do NÃO nossa arma maior para a erradicação desta bandidagem desqualificada e corrupta que nos gerencia há séculos. Tratemos agora com pesticida, quimioterapia e radioterapia do VOTO o fim desta praga chamada corrupção e ponhamos fim a este câncer em estado terminal, nossos políticos de carreira, seculares corruptos, devolvendo-nos a sanidade eleitoral.
O desejo da divisão nunca foi o foco da população. Trata-se de desejo estritamente político. Político partidário. Nunca vi ou ouvi nenhum de nossos profissionais da política manifestação alguma no sentido de mudanças; NUNCA ouvi do povo nenhuma manifestação eufórica neste mesmo sentido. Aliás, a bem da verdade, a população pouco ou nada sabia sobre o tema, e mesmo que soubesse; e mesmo que votasse unanimemente no SIM, mesmo assim, seríamos perdedores no resultado final. Proposta verdadeira que deveríamos ter ouvido e visto ao longo destes anos passados, seria a de elegermos em maior número nossos representantes e, este maior número, qualificado, também para o exercício da administração pública, o que NUNCA ocorreu !
Pouca vergonha !
Pedro Paulo Buchalle Silva .’.
Paraense
Advogado, Hoteleiro e Cidadão Brasileiro.
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