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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Emagrecedores serão banidos do mercado

A diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu ontem banir do mercado os remédios para emagrecer à base de anfetaminas e manter o uso dos derivados de sibutramina com restrições. O diretor-presidente da Anvisa e relator do processo, Dirceu Barbano, propôs o banimento dos inibidores de apetite anfetamínicos (anfepramona, femproporex e mazindol) em todo o país com base em estudos internacionais que constataram a baixa eficácia desses medicamentos na perda de peso e riscos à segurança do paciente. Os outros três diretores acompanharam o relator.
Com a decisão, os anfetamínicos usados há mais de 30 anos no Brasil estão proibidos de ser prescritos pelos médicos, fabricados no país e os atuais registros serão cancelados. As farmácias e drogarias terão dois meses para retirá-los das prateleiras, conforme Barbano. “Para que os pacientes tenham tempo de readequar o tratamento”, disse o relator.
Quanto à sibutramina, o relator sugeriu que continua liberado o uso do medicamento para o tratamento de obesidade desde que o paciente apresente sobrepeso significativo e não sofra de problemas cardíacos. O paciente e o médico terão de assinar termo de responsabilidade sobre os riscos à saúde. O uso da sibutramina ficará sob o monitoramento da vigilância sanitária.
Barbano argumentou que dados mostram que o remédio ajuda a reduzir o peso e que é possível minimizar os prejuízos à saúde do paciente. Lançada em fevereiro deste ano, a proposta original da Anvisa era vetar os emagrecedores, tanto os feitos com anfetamina como aqueles à base de sibutramina, seguindo o exemplo dos Estados Unidos e da União Europeia. O principal argumento era que os riscos à saúde oferecidos por esses remédios, como problemas cardíacos e alterações no sistema nervoso central, superam o benefício da perda de peso.

REPERCUSSÃO

Em Belém, para alguns profissionais da área da saúde, proibir os medicamentos é uma medida drástica. A melhor maneira de lidar com os inibidores, segundo eles, seria redobrar o controle dos medicamentos. “O banimento dessas drogas pode trazer certa complexidade para os médicos. Eles teriam que mudar seu procedimento terapêutico de forma brusca. Isso poderia prejudicar o tratamento do paciente. Sabemos que já existe um controle na venda dos remédios, mas essa fiscalização deveria inicia na produção”, pontua o vice-presidente do Conselho Regional de Farmácia do Estado, Ricardo Vieira.
Ele afirma que os medicamentos podem causar insônia, depressão e dependência química, mas que poderiam ser evitados. “Os profissionais que trabalham com obesidade são os indicados para fazer isso. O problema é que qualquer médico prescreve de forma indevida”.
Para o endocrinologista Antonio Conceição, a proibição pode acabar criando um mercado negro. “Como a procura é alta, a venda pode ser clandestina. Podem fazer contrabando pela internet ou até importando de fora do país”, alerta. Ele explica que a melhor solução seria a conscientização sobre o uso do medicamento.

PESQUISA

O Conselho Regional de Farmácia do Pará informa que o Brasil não produz essa droga, mas é um dos maiores consumidores do mundo. Do total de remédios controlados vendidos, 52% são inibidores. Destes, 83% das vendas são de anfetamina. Segundo o Conselho, a Anvisa se preocupa, pois a população aumenta o consumo, mas não emagrece além dos riscos.
No Pará, uma pesquisa do Conselho revelou que 98% do consumo é feito por mulheres e que 80% são prescritos por médicos da rede particular.
A jornalista Márcia Reis revela que pediu ao médico para passar o inibidor, mas que depois começou a utilizar o medicamento por conta própria. “Eu já uso há uns cinco anos. Peço a receita depois fico tomando como acho melhor pra mim”, revela. Ela confessa que sabe os riscos. “Eu já fiquei deprimida. Já ate passei mal uma vez que tomei o remédio e depois ingeri bebida alcoólica”.
Diário do Pará

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