Em palestra proferida na Universidade Federal do Pará (UFPA) na tarde desta quinta-feira (12), o vice-governador Helenilson Pontes ressaltou a necessidade de o Pará ser protagonista do seu modelo de desenvolvimento, referindo-se à construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, um projeto do governo federal com previsão de início em 2011. Segundo ele, o Estado está preocupado em fazer cumprir as condicionantes para a execução da obra.
O Seminário “Usina Hidrelétrica de Belo Monte – Desenvolvimento para quem?” levou ao Centro de Convenções Benedito Nunes, na UFPA, cerca de 200 participantes, entre estudantes, representantes de ONGs e movimentos populares, como Xingu Vivo Para Sempre e Fórum da Amazônia Oriental (Faor).
A mesa foi composta pelo procurador do Ministério Público Federal, Felício Pontes Júnior; o reitor da UFPA, Carlos Maneschy; a presidente do Conselho Regional de Contabilidade, Regina Vilanova; Alberto Corrêa, representante da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Pará; o deputado federal Arnaldo Jordy e o cacique da etnia Xikrim, Bepe-Karoti. Para o cacique, Belo Monte vai colaborar para acabar com os animais e a floresta, obrigando os índios a “comer a comida dos brancos para não morrer de fome".
Segundo o procurador federal Felício Pontes Júnior, a construção de Belo Monte vai “contribuir, de forma extremamente drástica, para que as mudanças climáticas no Pará se acirrem”. O seminário, disse ele, é uma forma não apenas de esclarecer a população sobre as consequências da obra, mas de aprofundar o entendimento sobre o projeto.
Helenilson Pontes afirmou que Belo Monte pode ser a oportunidade histórica “de o Pará mostrar os prós e os prejuízos econômicos e sociais que sofre com o modelo de desenvolvimento implantado na Amazônia nas últimas décadas, apoiado em grandes projetos voltados à exploração de suas riquezas naturais”.
Para o vice-governador, é importante debater a forma como se deu o processo de licenciamento da obra, que excluiu o governo estadual da discussão. Segundo ele, a “riqueza natural não é da União, e sim da sociedade brasileira”.
Belo Monte - A Hidrelétrica de Belo Monte deve começar a ser construída no oeste do Pará, atingindo 11 municípios em seu entorno. O consórcio Norte Energia S.A. (Nesa) venceu a licitação para a obra - orçada em R$ 25,8 bilhões. O objetivo da usina é a geração de 11mil/Kw de energia/ano, o que, segundo o governo federal, equilibraria o setor energético brasileiro, evitando os chamados “apagões”, principalmente nos grandes centros urbanos, como São Paulo e Minas Gerais.
Em 17 de janeiro passado, Helenilson Pontes foi nomeado coordenador do Grupo de Trabalho de Belo Monte (GTBM), criado pelo governo do Estado para cobrar as condicionantes impostas ao Consórcio e organizar o Plano de Segurança para Belo Monte, um trabalho que envolveu diversas secretarias estaduais, como Segurança Pública (Segup), Assistência e Desenvolvimento Social (Sedes), Educação (Seduc), Saúde Pública (Sespa) e Meio Ambiente (Sema). O resultado do GTBM está entre as metas do governo do Estado, de garantir o repasse de verbas aos municípios atingidos pela usina.
Segundo os estudos já realizados, Belo Monte deve atingir diretamente 40 mil famílias, além de territórios indígenas que agrupam etnias como Kayapó e Xikrim.
Dani Franco - Secom
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