Páginas

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Primeira equipe de Saúde da Família Fluvial do Brasil será lançada em Santarém

No dia 07 de dezembro de 2010, às 16:00h, acontecerá em Santarém a cerimônia de oficialização da primeira Unidade de Saúde da Família Fluvial do Brasil. O evento contará com a presença da diretora do Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde, Claunara Schiling Mendonça, do Secretário Municipal de Saúde de Santarém, José Antonio Rocha, diretores do Projeto Saúde e Alegria e representantes dos Municípios de Belterra e Aveiro. Trata-se de uma conquista de extrema importância para garantir o acesso aos serviços de saúde para populações ribeirinhas vivendo em comunidades distantes dos centros urbanos.
O Projeto Saúde e Alegria em parceria com as Prefeituras Municipais de Santarém, Belterra e Aveiro desenvolveram um modelo demonstrativo de atenção primária adaptado ao contexto das populações ribeirinhas da Amazônia. Com o apoio da Fundação Terre des Homens Holanda, o atendimento básico de cerca de 70 comunidades do rio Tapajós, desde 2006 vem sendo feito através do Barco Hospital Abaré, beneficiando mais de 15 mil pessoas. Elas têm acesso regular à bordo do posto flutuante, de 40 em 40 dias, aos atendimentos médicos e odontológicos, vacinações, pequenas cirurgias, além exames preventivos como o pré-natal e o PCCU.
Ações de educação e prevenção, complementam este modelo com a realização de Campanhas Educativas acompanhando as visitas do barco. Arte-educadores apresentam o Circo Mocorongo com teatros e brincadeiras, repassando conhecimentos para evitar as doenças e promover saúde com alegria.
Os resultados podem ser vistos na melhoria dos indicadores de saúde da área atendida, entre os quais podemos destacar: 96,5% das crianças estão vacinadas, indicador superior à média Estadual que é de apenas 83,3%. Apenas 2% das crianças menores de 02 anos estão desnutridas, enquanto nas comunidades não atendidas é 5%. 90% das crianças de até 6 meses são alimentadas exclusivamente com o leite materno. 98% das mulheres grávidas fazem o pré-natal, sendo que apenas 73% o fazem no Estado.
Porém, até então, este tipo de atendimento, com regularidade e metodologia diferenciada, estava difícil de ser ofertado em outros municípios, que além de enfrentarem as dificuldades peculiares da amazônia, os desafios de interiorização da medicina, não dispunham de recursos suficientes para manter esse tipo de serviço. A experiência do Barco Abaré, também se mantinha em boa parte com recursos externos.
Com base nesta realidade e na experiência demonstrada, o Ministério da Saúde publicou no dia 03 de agosto, no Diário Oficial da União, uma portaria que oferece resposta a esta demanda antiga da região amazônia. A portaria instituiu critérios diferenciados para implantação, financiamento e manutenção da Estratégia de Saúde da Família para as populações ribeirinhas na Amazônia Legal e em Mato Grosso do Sul. Esta regulamentação permite, então, que os municípios implementem Unidades de Saúde da Família Fluviais, algo inédito no Brasil.
Assim, as Secretarias Municipais poderão receber recursos para subsidiar os custos operacionais, especialmente das equipes que necessitam enfrentar jornadas de mais de 15 dias de viagem à campo, acarretando custos mais altos do que aqueles que até então a política de saúde considerava como padrão do SUS.
“É diferente você manter um atendimento numa região urbana, com uma logística relativamente fácil e onde os profissionais podem ir e voltar no mesmo dia para sua residência. Os custos são diferentes. Além do que precisamos ter uma abordagem diferenciadas com as populações rurais em termos das prioridades encontradas no campo da medicina”, afirma o Dr. Fábio Tozzi, coordenador de Saúde Comunitária do Saúde & Alegria.
Na oportunidade será feito o marco inaugural da primeira “equipe de Saúde da Família para Populações Ribeirinhas”, que funcionará no próprio Barco Abaré, que a partir 2011 terá seu funcionamento sustentado pela política pública de saúde, capitaneado pela SEMSA de Santarém. O Projeto Saúde e Alegria continuará seu trabalho demonstrativo e responsável pelas ações de educação, prevenção e controle social do modelo.
“Esta é uma uma vitória importante, pois representa um dos principais objetivos do Projeto Saúde e Alegria e seus parceiros, que é contribuir para o aperfeiçoamento das políticas públicas na amazônia, além de ser um ótimo exemplo da parceria do terceiro setor com o poder público”, afirma o coordenador geral do Projeto Saúde e Alegria, Caetano Scannavino.
Coordenação de Educação, Cultura e Comunicação

Nenhum comentário:

Postar um comentário