Uma nova técnica criada por cientistas da Universidade Harvard, nos Estados Unindos, obteve células humanas produtoras de insulina em quantidade suficiente para serem, um dia, usadas em transplantes para tratar diabetes tipo 1.
Liderados por Doug Melton, cujos filhos têm a doença, os pesquisadores partiram de células-tronco embrionárias ou células-tronco de pluripotência induzida (que não requerem o uso de embriões) para obter células do pâncreas maduras e sensíveis à glicose, de modo a produzir a insulina necessária para o organismo.
Trabalhos anteriores já tinham conseguido fazer as chamadas “células beta” em laboratório, mas não com essa sensibilidade nem nos números necessários para uso em transplante, afirma a equipe em artigo na revista especializada “Cell”.
Testes. As células, no entanto, só foram testadas em roedores. Segundo Melton, experimentos em primatas não humanos estão em andamento. Ele espera realizar transplantes das células em humanos em poucos anos.
Quando as células beta forem injetadas em uma pessoa, elas também serão atacadas e destruídas pelo sistema imunológica. Por isso, será necessário fazer mais pesquisas antes que o recurso se transforme em uma cura.
“Muitas pessoas acharam que isso não ia funcionar. Se tivéssemos mostrado que isso não era possível, teria desistido dessa abordagem completamente. Agora estou animado”, disse ele.
“Foi gratificante saber que podemos fazer algo em que sempre acreditamos ser possível. Estamos atualmente a um passo pré-clínico de cruzar a linha de chegada”, afirmou Melton à rede britânica BBC.
Autoimune. O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune, na qual o próprio organismo destrói as células beta do pâncreas, responsáveis por produzir a insulina, que regula os níveis de glicose em circulação.
Os transplantes de células do pâncreas de doadores mortos já são usados em pequena escala, mas requerem o uso de remédios contra o ataque do sistema imune.
No caso das células obtidas pela equipe de Harvard, isso também seria necessário, mas a ideia é inserir cerca de 150 milhões delas no corpo dos doentes envoltas em uma cápsula, protegidas do ataque do sistema imune.
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