Um relatório divulgado hoje (5) na reunião da Organização
das Nações Unidas (ONU) sobre mudanças climáticas, destacou o Brasil como
exemplo de sucesso na redução do desmatamento e das emissões de gases de efeito
estufa. Produzido pela Union of Concerned Scientists (UCS), com sede nos
Estados Unidos, o documento intitulado Histórias de Sucesso no Âmbito
do Desmatamento: Nações Tropicais Onde as Políticas de Proteção e
Reflorestamento Deram Resultadotraz um capítulo dedicado ao Brasil, apresentado
como o país que fez as maiores reduções no desmatamento e nas emissões em todo
o mundo.
Dezesseis países da África, América Latina e Ásia também são
citados como exemplos de sucesso na proteção às florestas. O relatório indica
que o governo brasileiro reduziu o desmatamento na Amazônia, a maior floresta
tropical do mundo, por meio da criação de áreas de proteção ambiental a
partir da segunda metade da década de 1990, com grande intensificação neste
século, e as moratórias acordadas com empresas privadas sobre a compra de
soja e carne de áreas desmatadas. “As mudanças na Amazônia brasileira na
década passada e a sua contribuição para atrasar o aquecimento global não
têm precedentes”, diz o documento.
De acordo com o principal autor do trabalho, Doug
Boucher, o caso brasileiro mostra que o desenvolvimento econômico não é
prejudicado pela redução do desmatamento. “Por exemplo, as indústrias de soja e
de carne bovina no Brasil prosperaram apesar das moratórias evitando o
desmatamento”. O relatório avalia que a derrubada da floresta, “vista no século
20 como algo necessário para o desenvolvimento e uma reflexão do direito do
Brasil de controlar seu território, passou a ser vista como uma destruição de
recursos devastadora e exploradora daquilo que constituía o patrimônio de todos
os brasileiros”.
O estudo destaca o papel desempenhado pelas reservas
indígenas na conservação da Florest aAmazônica, iniciativas estaduais e a
ação de promotores públicos de Justiça, “um braço independente do governo,
separado do Poder Executivo e Legislativo, e com poderes para processar os
responsáveis pela violação da lei”. Também é citado o apoio internacional,
como o acordo celebrado com a Noruega, que já repassou US$ 670 milhões em
compensação pelas reduções das emissões. O documento é considerado de natureza
não apenas financeira, mas também política e simbólica, mostrando o compromisso
em apoiar os esforços dos países tropicais.
Em relação ao futuro, no entanto, o relatório informa que
duas mudanças em 2013 levantaram dúvidas sobre a continuidade do sucesso do
país na área climática: as emendas ao Código Florestal Brasileiro que anistiam
desmatamentos anteriores e o aumento de 28% na taxa de desmatamento entre
2012-2013 na comparação com o período 2011-2012. A avaliação do documento é que
ainda é muito cedo para prever se este crescimento será uma tendência, mas
ressalta que, embora o desmatamento tenha aumentado 28% no ano passado, em
relação a 2012, ele foi 9% menor ao registrado em 2011 e 70% inferior à media
entre 1996 e 2005.
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