A segunda maior reserva
extrativista criada no Brasil, a Tapajós/Arapiuns, comemora 15 anos de
existência em meio a uma luta a favor do crescimento econômico. A área
utilizada por populações extrativistas tradicionais, tem como objetivos
proteger os meios de vida e a cultura da população, além de assegurar o uso
sustentável dos recursos naturais do local.
Uma sessão especial foi realizada
na manhã desta terça-feira, na Câmara Municipal, para apresentar aos vereadores
e a população que vive fora da reserva, as dificuldades enfrentadas e os avanços alcançados até hoje pelas 74
comunidades que fazem parte do local. Na reserva 20.600 moradores sobrevivem do
extrativismo e da agricultura de subsistência, além da criação de pequenos
animais.
Segundo o presidente da Organização das Associações da Reserva
Extrativista Tapajós Arapíuns Tapajoara, Leônidas Farias, em 15 anos muitas
ações foram desenvolvidas, como o sistema educacional, implantado em todas as
comunidades com educação Infantil, ensino fundamental e em algumas o ensino
médio modular. Como forma de integrar a população da resex, ao mundo, a
Tapajoara, em parceria com órgãos governamentais deve implantar, a partir do
ano que vem, vários telecentros nas comunidades. Ele lamentou, porém, que na área
da saúde, apenas 04 enfermeiros prestam atendimento à população, no entanto, um
projeto de unidade fluvial de saúde da família (Abaré), deve garantir mais
saúde na reserva.
ICMBIO
Criada pelo decreto presidencial,
de 06 de novembro de 1998, até hoje, a Resex não possui um Plano de Manejo o
que dificulta novas ações no local.
Para o gerente do ICMBIO, Mauricio
Mazzotti, a Reserva extrativista é de domínio público, com uso concedido às
populações extrativistas tradicionais. De acordo com Mazzotti, as áreas
particulares que estão incluídas nos limites da resex devem ser desapropriadas.
O gerente afirmou ainda que no
local, são proibidas exploração minerais e caça (amadora e profissional).
Força Política
A participação do poder legislativo ganhou força dentro da Resex. A partir
deste ano o vereador Dayan Serique passou a integrar a equipe gestora que luta,
pelo reconhecimento e garantia de permanência das comunidades tradicionais. É a
primeira vez que um vereador passa a integrar o grupo diretamente.
Hoje, a Resex é administrada pelo
instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBIO, que para o vereador Dayan Serique possui um grupo
técnico muito reduzido. “É preciso que o governo federal dê mais atenção e
disponibilize mais servidores para atender a população que vive dentro da
reserva”, reforçou.
Outros pontos que também merecem
atenção são ligados as áreas da saúde, educação e segurança. “Nós precisamos
fazer chegar até a Resex, tecnologia e conhecimentos. É preciso que as
universidades públicas, como a Universidade Federal do Oeste do Pará UFOPA e a
Universidade do Estado do Pará - UEPA, faça expansão dos cursos para esse tipo
de local, onde muita gente vive ansiosa por um curso superior, mas não tem
condições financeiras de deixar o local de origem”, acrescentou . Dayan Serique
afirmou ainda que o próprio Instituto
Federal do Pará precisa oferecer cursos tecnológicos dentro da reserva, como
forma de agregar valor ao produto.
Luz para Todos
O vereador Dayan Serique chamou
atenção dos colegas para um outro tipo de necessidade das comunidades da Resex:
a falta de energia elétrica. “Sem energia, as comunidades não se desenvolvem.
Nós precisamos fazer com que o Programa Luz para Todos, chegue até os locais
mais distantes do nosso município, e contemple também a nossa população
tradicional”, justificou.
Outra dificuldade apresentada é
em relação ao acesso entre as comunidades. Na reserva não existem pontes. Por lá,
a questão da segurança também é precária. Por isso, o vereador sugeriu que seja
implantada uma Unidade Móvel de Polícia, para atender, por meio de barco, tanto
as comunidades do rio tapajós, quanto do arapiuns.
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